Realmente sinto como se tudo tivesse escapando entre as frestas dos meus dedos, como água em uma concha mal feita. Quanto apertar? Quanto deixar ir? O torpor já não me deixa distinguir entre frio e quente, as mãos dormentes deixam escapar água e meus olhos as acompanham, inertes, indefesos e incrédulos.
Em tudo há meu ego.
Meu ego de achar que não preciso.
Meu ego de achar que não há mais força.
A ilusão de não ver transparência na água quando o corpo impede qualquer luz de toca-la.
Inerte, sem reação.
Eu deito no córrego e aceito ser parte, e não necessidade.
Escoo no solo, em solitude.
Escoo e desvalido, assim me deixo. Como a noite sem água em que as estrelas me mostraram que não necessito de, quando faço parte de.
Escoo no solo, em mim o solo, o solo eu sou.
O centro, o sólido.
Escoo.
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