terça-feira, 25 de agosto de 2015

Ele chorava ao telefone enquanto tentava encontrar as palavras pra falar, tentando saber o que sentir entre suplicar pra ter ela de volta ou tentar ficar indiferente a vida dela, a verdade é que essa dúvida nunca iria passar, ele nunca saberia se teria feito alguma diferença ter agido diferente, ou se suas ações foram satisfatórios em uma visão geral da situação, o que importava agora é que nada importava mais, amigos, melhores amigos, ficantes, namorados e finalmente estranhos. Quão dolorosa seria ver alguém que te vangloriava por qualquer merda que você fazia se tornar alguém com rancor de você, alguém que te conhecia, que fazia parte de tudo o que você é e tudo o que você tinha se esvaindo da sua vida, deixando um enorme vazio a ser preenchido ao longo de anos, meses e de longos dias preto e branco. Parece que tudo tinha mudado pra ele, mas na verdade só uma coisa tinha mudado, uma viga tirada para o prédio desabar aos poucos, cada estalar, cada rachadura, cada lágrima, cada lembrança, cada grito em silêncio inexistente pela ausência de reconhecimento dessa dor. Tudo o que ele queria dizer era o quanto ele a amava, o quanto a queria de volta, mas as palavras ficaram engasgadas em um enorme nó na garganta, por que não importava mais falar isso, nada traz o passado de volta. Seria fácil se nossa vida fosse um grande ensaio pra uma peça maior, mas a vida não é uma peça, ele não tem certeza do a vida é agora, nem o que ela guarda para ele. Ele só tem certeza de que em algum ponto ele precisaria juntar os cacos, e tentar reforçar a estrutura antes que a mesma entrasse em colapso, se não, cada nova canção para ela seria uma rachadura a mais pra ele, e ele não sabe se vai conseguir resistir a isso.E a pior parte de tudo, pior ainda do que ter visto ela se distanciando, ela começando a odiá-lo, foi ele ter percebido o que ele poderia ter feito diferente, e que talvez isso pudesse ter feito toda a diferença...mas agora não importa mais.....

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Sadness only real when shared?

"Happiness only real when shared" Toda vez que me lembro dessa frase algo em mim pesa, por que a felicidade precisa ser partilhada pra ser real? Será que um evento isolado, sem que ninguem veja, sem ninguem tenha consciência de sua existência ainda sim é real? Se a felicidade precisa ser partilhada pra ser real, por que a dor ainda é real quando se está sozinho? Talvez seja por que assim como a sombra é a inexistência da luz, assim seja para dor e felicidade. Talvez o que nós chamamos de dor, seja apenas a ausência de felicidade, ou a perda de motivos pra ser feliz. O problema de se isolar é que chega a um certo ponto que você não sabe se parte do que você sente não é real integralmente, por isso as vezes um simples desabafo ajuda, tornar uma idéia real a partir do partilhamento da mesma. Quando você está sozinho em algo você omite, nega tanto pros outros que começa a acreditar nisso como se fosse real, a realidade se torna o que os outros veem, não é o que realmente acontece. Só digo que é complicado, e parece que fica cada vez mais pesado, se você tentar fugir te esmaga, e assim te faz a cada dia enquanto você mantem esse peso nos seu ombros. A idéia de felicidade em si é algo muito abstrato e subjetivo tambem, cada pessoa tem o seu conceito de felicidade, o que precisa fazer, o que quer da vida de volta, e no final das contas a felicidade está dentro do que a pessoa acreditou e fez acontecer. Mas será que é possível fazer isso sozinho?

fim de um ciclo

Quase 3 anos sem postar e o último texto que escrevi faz mais sentido agora do que em qualquer outro momento da minha vida, uma árvore precisa se desprender de todas suas folhas, de todas sua beleza, aguentar um inverno de ventos gelados e fortes até que a primavera chegue e ela possa florescer novamente, tudo tão natural ao longo do tempo, mas ninguém sabe o quão fácil ou difícil isso é pra árvore. E aqui estou eu, com minha última folha seca se desprendendo dos meus galhos, em um movimento aparentemente natural, porém muito dolorido, não por perder uma parte, mas por finalmente se sentir, pelado. E não pelado por escolha própria, pelado por que por tanto tempo assisti todas minhas folhas caindo sem saber o que fazer, sem conseguir entender o por que, ou como impedir, ou sem simplesmente saber que isso era algo natural, que se eu aceitasse doeria menos. Nada dói mais do que ver uma pessoa tão próxima de você, que te conhecia tão bem, quase melhor que qualquer outra pessoa, repentinamente se tornar um estranho. Existe até uma frase sobre relacionamentos que diz que quando você envelhece com uma pessoa, a parte difícil é "growing up without growing apart", que seria crescer sem se distanciar, o que provavelmente foi o que aconteceu. Eu sempre busquei não viver por o que eu falo, mas falar pelo o que eu vivo, e sempre tentei ser sincero comigo mesmo e com a pessoa com quem eu me relaciono. Sei que estou longe de ser perfeito, mas desonestidade nunca foi um defeito meu. O que mais me deixa magoado é não ter visto isso acontecendo, não ter entendido o por que disso acontecer, e mesmo sabendo que eu podia ter feito diferente, eu não quis fazer por medo de tornar meu relacionamento algo que eu nunca quis que fosse.Eu sempre quis estar com alguém forte, independente e que me acrescente tanto quanto eu acrescento pra ela. Acabei não acrescentando nada por medo de continuar sem ser acrescentado, e no final das contas acabei subtraído, sozinho.O problema real da solidão não é a solidão física, mas a solidão emocional. Não tem merda maior no mundo do que saber que ninguém vê e muito menos entendem o que você sente agora, é como ser uma grande incógnita irrelevante na vida em busca de algum encaixe nos padrões da sociedade moderna. Eu nunca me preocupei em encaixar na sociedade moderna, por que sinceramente, nunca senti que faço parte disso, só procurei me adaptar, mas saber que eu tinha alguém que se importava com o que eu era, o que eu sentia e o que eu pensava facilitava isso. Agora eu sou só tudo aquilo que eu mais temi ser na vida, um ponto incerto na história, sem papel, sem rumo certo...