domingo, 23 de abril de 2023

 meu coração aperta em angústia e meu corpo pede um vômito de onde não tem nada pra tirar. Não sabia que poderia sentir o coração partindo de novo, sendo eu a pessoa partir, querendo ficar.

Minha vontade era ficar, falar que ficaria tudo bem, fazer você sentir o quanto eu amo você e tudo que você significa pra mim. Queria poder te ligar agora e falar "olha, a verdade é que eu não sei viver sem você" por mais que tenha vivido (e sobrevivido) há anos longe de você, seu quarto sempre esteve a sua espera, numa casa que não costuma receber visitas. Mas a verdade é que não consigo cumprir o que quero falar, não consigo te dar esse amor, não consigo ser o homem que você merece, e você não sabe o quanto eu me odeio por isso, em cima de toda mágoa que sinto por mim mesmo.
Meu ego grita pra mim na minha solidão "ninguém luta por você" "você não faz diferença em lugar algum, nem sua presença, nem sua ausência", esse ego que, por muitas vezes veio pra me proteger, vem agora querendo me dar motivos pra ir e não voltar, mas como dói, como aperta meu peito.
Eu queria sentir que faço diferença, meu ego queria isso, mas não queria te fazer chorar, te ver me pedindo que quer ficar sozinha.
To aqui perdendo o sono e a sanidade, pensando em como eu gostaria de ter a capacidade de fazer a escolha contrária, voltar na sua casa e pedir pra ser só minha, por que eu sou só teu, sempre fui, o meu eu inteiro, meu eu verdadeiro, sempre foi seu. E eu morri um pouco quando te perdi, e ao invés de me sentir vivo novamente ao seu lado, me sinto um "vivo-morto", convivendo com fantasma que nunca enterrei, e nunca tinha percebido até agora. E esses fantasmas me assombram, eles me mostram o quão pequeno e incapaz eu sou, o quão inapto eu sou de ir contra a razão, contra a lógica e lutar pra ficar com você.

Por que na minha cabeça com ideias romantizadas, amor também tinha isso de lutar pra ficar junto, lutar pra não querer ir. Queria que você me convencesse que ficaria tudo bem, que tava disposta, que me queria ali, e a falta disso machuca, machuca meu ego, que faz questão de descontar em mim mesmo.

Eu queria uma vida pacata e tranquila ao seu lado, puder desfrutar desse amor que acontece tão raramente, mas eu sou só um moleque, perto da mulher incrível que você é e se tornou, eu sou só um moleque, como vou ser o homem da sua vida sendo somente um moleque? Sem objetivos, sem sonhos, sem ambições, continuamente me afogando em qualquer coisa que me faça dormir fácil, que me faça esquecer o resto.

Você sempre foi a melhor droga pra mim nesse quesito, de me fazer esquecer de tudo, me fazer sentir bem.

Nessa última semana eu bebi todos os dias, hoje escolho ficar sóbrio e encarar esse abismo.

Hoje na sua casa, enquanto chorava escondido na rede, eu conversei com Deus, fazia muito tempo que não fazia isso.
Pedi pra ele me mostrar o que fazer, me apontar o caminho, me dar uma obsessão que eu iria atrás disso. Ou que ele me liberasse, me levasse, por que eu não tenho coragem de fazer isso eu mesmo, sei por tantas vezes colocar uma lâmina nos meus braços e me cortar pra ver qual força necessária seria para fazer um estrago irreversível.

A pior coisa seria fracassar até nisso. Até nisso eu sou um covarde.

Queria ter a certeza de que, daqui uns meses ou anos, eu estaria pronto. Mas botar essa expectativa em mim deixa minhas pernas trêmulas, pensar em viver sem você depois de te reencontrar me dá vontade de vomitar tudo, mesmo sem ter comigo nada, botar as tripas e coração pra fora.

Eu não sei o que fazer, hoje respondi o que eu achava que seria melhor, e você aceitou, no fundo queria que você me convencesse do contrário por que eu não tenho coragem suficiente, eu não consigo ser isso sozinho, e não posso impor a você isso, não posso esperar que você me peça pra ficar, me diga que não se envolveria com outra pessoa, que faria tudo por mim, por quê eu me coloquei tantas vezes nesse lugar, de abrir mão da minha vida por você. Eu sou um baita de um egoísta mesquinho né?!

Mas a verdade ainda é, na pureza além do ego, que eu daria minha vida pela sua sem pensar duas vezes, enfrentaria o mundo se soubesse que isso te faria feliz. Se eu soubesse o que fazer, eu faria. Mas não sei, só sei que eu to uma bagunça, sei que a qualquer momento eu posso implodir, te machucar, ou sair magoado, e eu não quero isso pra mim, muito menos pra você.

Eu sou um merda. Então seria fácil dar minha vida pela sua.

Mas como me tornar um homem melhor pra poder te fazer feliz? Eu não sei.

Como continuar aqui sem me machucar e sem ser um peso? Eu não sei.

A única certeza que eu tenho é que, no que eu puder, no que eu souber, eu faço e faria de tudo pra te ver feliz. Mas eu tenho que aceitar que, eu não consigo, eu não consigo nem me amar, nem me fazer feliz, como posso fazer isso pra você? Como posso esperar que você abra mão de tudo e abrace a mim e as minhas dores, as minhas falhas, e me diga "eu vou ficar contigo, eu vou te ajudar, eu quero te curar"? Já falei que eu sou um baita de um egoísta né?!

Já que Deus não atendeu meu pedido na rede antes, eu só peço um aqui, agora, por escrito.

Por favor, eu só quero que ela seja feliz, eu não importo que isso me mate, eu não me importo se eu tenha que estar longe...

Apesar de todas as feridas, das mágoas, dos fantasmas que não enterrei, eu sei que ela e nossa ligação é o evento da natureza mais magnífico que eu já presenciei, e por isso eu serei eternamente grato.
Eu não consigo querer viver sem você, mas não consigo querer que você viva com essa pessoa que eu não reconheço no espelho.

Por favor, alguém me ajuda!

domingo, 4 de abril de 2021

Asfalto da Solidão

 Os braços pesam dia após dia

As pernas doem, mas assim assim, constroem um caminho a percorrer

Se destroem, em busca de uma essência de viver.

Se distanciam, passo a passo de aproximação

De um rascunho de um sonho de visão

Sempre com o pé no chão

O olho no asfalto

Olhando alto

Sem perder a visão

De cada impacto no chão

Cada pacto irracional

Cada ato passional

Cada ação sem reação

Eu lembro bem da visão

Da subida longa

Prefiro olhar pro chão

Pra esquecer logo

Que tem muito pela frente

Cada passo

1 sim, 2 não
Cada passo no chão
Cada ação e reação
Cada sim e cada não
Passo a passo

No asfalta
Da solidão

quinta-feira, 20 de agosto de 2020

 Sentiu-se como tal com o sangue em ebulição

Sentiu-se pouco a pouco, má e lenta reação

As bolhas sobem, não sobre espaço

Mesmo com os vazio e as frestas

nessa estrutura vazia de aço

que é o meu corpo

afago sem abraço

como se fosse feito pra aguentar a pressão do ponto mais profundo de marianas trench

pressão e escuridão

numa imensidão

de se fazer sentir

tão pequeno

Sendo assim gigante

parte de um corpo

celeste, tão distante

tão perdido no escuro do espaço

como uma estrutra de aço

que dorme e desperta sem abraço

vazio e forte

gigante

por natureza

insignificante

é essa beleza

segunda-feira, 17 de agosto de 2020

Um dia frio e ensolarado.

 Os dias tem sido fechados.

Não só no céu, mas no coração também.

Nos últimos dias, chove, ás vezes pouco, ás vezes com fortes ventos e trovões.

Não só no céu, mas na minha face também.

Os últimos dias tem sido distantes.

Não só pela percepção alongada do tempo, não pela saudade do sol, mas também distante do que eu sou.

Ás vezes quero ser sol, quase sempre sol dias cinzas, enquanto desejo ser tudo isso, sem um ou outro, a vida não se faz.

Mas nos dias cinzas, chovem, lágrimas e palavras, e chuva, e por um momento, parece que é exatamente isso o que a vida está precisando nos últimos dias.

Nos últimos dias, ando triste.

Não só no cinza do céu e no silêncio dos dias, acho que assim como percebi a necessidade da chuva, sinto a verdade do que eu sou.

E eu não me lembro a última vez em que me senti, verdadeiramente, feliz.

Talvez por que tenho revivido memórias falhas, ou por que talvez eu tenha percebido a necessidade da chuva.

E como gostaria de ser sol, mas quase sempre sou chuva.

Um dia frio e ensolarado me bastava, poucas nuvens quem sabe.

Mas sol chuva, calafrio, trovão, blecautes, medo do incerto.

Sentir-se vivo no sentir a efemeridade da vida.

O frio está voltando, espero que o sol também.

Um dia frio e ensolarado me bastava.

quarta-feira, 12 de agosto de 2020

 Realmente sinto como se tudo tivesse escapando entre as frestas dos meus dedos, como água em uma concha mal feita. Quanto apertar? Quanto deixar ir? O torpor já não me deixa distinguir entre frio e quente, as mãos dormentes deixam escapar água e meus olhos as acompanham, inertes, indefesos e incrédulos. 

Em tudo há meu ego.

Meu ego de achar que não preciso.

Meu ego de achar que não há mais força.

A ilusão de não ver transparência na água quando o corpo impede qualquer luz de toca-la.

Inerte, sem reação.

Eu deito no córrego e aceito ser parte, e não necessidade.

Escoo no solo, em solitude.

Escoo e desvalido,  assim me deixo. Como a noite sem água em que as estrelas me mostraram que não necessito de, quando faço parte de.

Escoo no solo, em mim o solo, o solo eu sou.

O centro, o sólido.

Escoo.

quinta-feira, 6 de agosto de 2020

 Esse vou guardar na gaveta, esqueço que tenha essa opção nessa plataforma, numa ideia exagerada que, por não ter outra opção para escrever, postar no meu blog seria uma forma de exposição. Ninguém conhece esse blog, não sei por que eu me preocupo.

Os dias tem sido estranhos mas sinto que a névoa vem se dissipado, como se as coisas que estivessem enterradas aos poucos se movessem pra cima com a força dá água que vem de cima quando chove. E tenho tido algumas chuvas agradáveis, mesmo não sabendo qual é o significado da chuva nessa analogia.

Não me restam dúvidas, num torpor de lucidez do ser e do sentir, que eu sou bom no que sinto ser bom em fazer. Mas a máscara do ego sempre precisa de alguém pra notar sua máscara.
Talvez nessa analogia do ser, se mantém a constante da minha sensibilidade a luz.

Se expor requer se colocar na luz, e eu sempre me senti um pouco mais confortável a sombra.

Mas um pouco de sol na pele faz bem.

E um pouco de chuva, mesmo ainda não sabendo o que a chuva significa nessa analogia.

quarta-feira, 29 de julho de 2020

Fora ou dentro?

Qual é a força necessária pra mudança? Pra mudar nossa direção, ou mesmo contrair e cruzar a gravidade, nos botando em movimento, físico e mental.
Tenho passado meus dias na horizontal, sem ver qualquer horizonte.
Parece que minha luz só ilumina um lado, e eu passo muito tempo olhando pra trás, sabendo aonde as coisas boas estão, sem encarar a direção que o vento me leva.
O horizonte é só escuridão e névoa nesse momento, e eu acho que não tenho falado o suficiente sobre isso.
A verdade é que estou tomado pelo medo, que se forma como sombra escondendo todos os mesmo sonhos e apagando a minha fé.
Ter fé é importante, não somente na maneira religiosa, é acreditar mesmo, mesmo parecendo sem razão.
O fato é que, ter fé em si mesmo, por si só, é algo complicado. Ter fé em algo maior, com mais pessoas acreditando nisso, que isso trabalha pra nós em algum tipo de sistema kármico, parece mais fácil.
Se há algum tipo de sistema kármico, me pergunto frequentemente como está o meu saldo. Não tenho nenhum palpite, ainda passo maior parte do tempo me achando uma pessoa no débito, e sem fazer nada pra pagar a dívida.
Alguns sentimentos cortam como facas mal afiadas. Ardem em um corte nada limpo.
As feridas me impedem de me mover.
As sombras me impedem de ver.
Eu me impeço de me curar, sem entender como.
Me sinto como a força do brilho de um vagalume em uma noite sem lua.
Muita luz me apaga. E minha visão turva se curva às sombras.
Eu quero ver, além das faíscas que sinto da minha capacidade.
Eu quero ser muito mais do que eu sou, mas como brilhar mais mesmo na luz do dia?
Preciso me despir desse corpo limitado, dessa mente desalinhada.
Eu posso ser bem mais.
Mas qual é a força necessária pra mudança?
Vem de fora?
Ou de dentro?