quinta-feira, 20 de agosto de 2020

 Sentiu-se como tal com o sangue em ebulição

Sentiu-se pouco a pouco, má e lenta reação

As bolhas sobem, não sobre espaço

Mesmo com os vazio e as frestas

nessa estrutura vazia de aço

que é o meu corpo

afago sem abraço

como se fosse feito pra aguentar a pressão do ponto mais profundo de marianas trench

pressão e escuridão

numa imensidão

de se fazer sentir

tão pequeno

Sendo assim gigante

parte de um corpo

celeste, tão distante

tão perdido no escuro do espaço

como uma estrutra de aço

que dorme e desperta sem abraço

vazio e forte

gigante

por natureza

insignificante

é essa beleza

segunda-feira, 17 de agosto de 2020

Um dia frio e ensolarado.

 Os dias tem sido fechados.

Não só no céu, mas no coração também.

Nos últimos dias, chove, ás vezes pouco, ás vezes com fortes ventos e trovões.

Não só no céu, mas na minha face também.

Os últimos dias tem sido distantes.

Não só pela percepção alongada do tempo, não pela saudade do sol, mas também distante do que eu sou.

Ás vezes quero ser sol, quase sempre sol dias cinzas, enquanto desejo ser tudo isso, sem um ou outro, a vida não se faz.

Mas nos dias cinzas, chovem, lágrimas e palavras, e chuva, e por um momento, parece que é exatamente isso o que a vida está precisando nos últimos dias.

Nos últimos dias, ando triste.

Não só no cinza do céu e no silêncio dos dias, acho que assim como percebi a necessidade da chuva, sinto a verdade do que eu sou.

E eu não me lembro a última vez em que me senti, verdadeiramente, feliz.

Talvez por que tenho revivido memórias falhas, ou por que talvez eu tenha percebido a necessidade da chuva.

E como gostaria de ser sol, mas quase sempre sou chuva.

Um dia frio e ensolarado me bastava, poucas nuvens quem sabe.

Mas sol chuva, calafrio, trovão, blecautes, medo do incerto.

Sentir-se vivo no sentir a efemeridade da vida.

O frio está voltando, espero que o sol também.

Um dia frio e ensolarado me bastava.

quarta-feira, 12 de agosto de 2020

 Realmente sinto como se tudo tivesse escapando entre as frestas dos meus dedos, como água em uma concha mal feita. Quanto apertar? Quanto deixar ir? O torpor já não me deixa distinguir entre frio e quente, as mãos dormentes deixam escapar água e meus olhos as acompanham, inertes, indefesos e incrédulos. 

Em tudo há meu ego.

Meu ego de achar que não preciso.

Meu ego de achar que não há mais força.

A ilusão de não ver transparência na água quando o corpo impede qualquer luz de toca-la.

Inerte, sem reação.

Eu deito no córrego e aceito ser parte, e não necessidade.

Escoo no solo, em solitude.

Escoo e desvalido,  assim me deixo. Como a noite sem água em que as estrelas me mostraram que não necessito de, quando faço parte de.

Escoo no solo, em mim o solo, o solo eu sou.

O centro, o sólido.

Escoo.

quinta-feira, 6 de agosto de 2020

 Esse vou guardar na gaveta, esqueço que tenha essa opção nessa plataforma, numa ideia exagerada que, por não ter outra opção para escrever, postar no meu blog seria uma forma de exposição. Ninguém conhece esse blog, não sei por que eu me preocupo.

Os dias tem sido estranhos mas sinto que a névoa vem se dissipado, como se as coisas que estivessem enterradas aos poucos se movessem pra cima com a força dá água que vem de cima quando chove. E tenho tido algumas chuvas agradáveis, mesmo não sabendo qual é o significado da chuva nessa analogia.

Não me restam dúvidas, num torpor de lucidez do ser e do sentir, que eu sou bom no que sinto ser bom em fazer. Mas a máscara do ego sempre precisa de alguém pra notar sua máscara.
Talvez nessa analogia do ser, se mantém a constante da minha sensibilidade a luz.

Se expor requer se colocar na luz, e eu sempre me senti um pouco mais confortável a sombra.

Mas um pouco de sol na pele faz bem.

E um pouco de chuva, mesmo ainda não sabendo o que a chuva significa nessa analogia.

quarta-feira, 29 de julho de 2020

Fora ou dentro?

Qual é a força necessária pra mudança? Pra mudar nossa direção, ou mesmo contrair e cruzar a gravidade, nos botando em movimento, físico e mental.
Tenho passado meus dias na horizontal, sem ver qualquer horizonte.
Parece que minha luz só ilumina um lado, e eu passo muito tempo olhando pra trás, sabendo aonde as coisas boas estão, sem encarar a direção que o vento me leva.
O horizonte é só escuridão e névoa nesse momento, e eu acho que não tenho falado o suficiente sobre isso.
A verdade é que estou tomado pelo medo, que se forma como sombra escondendo todos os mesmo sonhos e apagando a minha fé.
Ter fé é importante, não somente na maneira religiosa, é acreditar mesmo, mesmo parecendo sem razão.
O fato é que, ter fé em si mesmo, por si só, é algo complicado. Ter fé em algo maior, com mais pessoas acreditando nisso, que isso trabalha pra nós em algum tipo de sistema kármico, parece mais fácil.
Se há algum tipo de sistema kármico, me pergunto frequentemente como está o meu saldo. Não tenho nenhum palpite, ainda passo maior parte do tempo me achando uma pessoa no débito, e sem fazer nada pra pagar a dívida.
Alguns sentimentos cortam como facas mal afiadas. Ardem em um corte nada limpo.
As feridas me impedem de me mover.
As sombras me impedem de ver.
Eu me impeço de me curar, sem entender como.
Me sinto como a força do brilho de um vagalume em uma noite sem lua.
Muita luz me apaga. E minha visão turva se curva às sombras.
Eu quero ver, além das faíscas que sinto da minha capacidade.
Eu quero ser muito mais do que eu sou, mas como brilhar mais mesmo na luz do dia?
Preciso me despir desse corpo limitado, dessa mente desalinhada.
Eu posso ser bem mais.
Mas qual é a força necessária pra mudança?
Vem de fora?
Ou de dentro?

terça-feira, 23 de junho de 2020

O inverno começou, e com ele uma contagem regressiva de 120 dia (a partir de hoje) até eu completar 28 outonos, 28 ciclos de secagem e renascimento.
Acho que me apeguei demais a algumas folhas e algumas flores das quais me orgulhei.
Mas não são mais minhas, as ofereci a terra, me ofereci à terra, mas de mim ela só quis minhas folhas e meu alcance, visto que estou um pouco mais perto do céu.
Agora meus galhos secos contrastam com o céu azul e com a imagem do que um dia foram.
Estou pronto pra recomeçar, seco, nu, leve e solto.

sexta-feira, 19 de junho de 2020

Eu ainda tateio o escuro procurando algo.
Confiando que meus sentidos estão além só da visão.
Mas eu ainda espero, procuro, anseio por um feixe de luz.
Em um quarto escuro em que cara sussurro, cada brisa, já significa algo.
Quando nos limitam de um lado, do outro tudo parece demais. Mas ainda assim, pra mim, não parece o suficiente.
Eu espero ver, sem nem saber o que.
No meu coração sombreado por um ego ansioso, tudo parece fazer sentido, sem nenhuma perspectiva.
E a falta de perspectiva tira o sentido de todo o resto.
É como construir uma casa sem vista alguma.
As paredes brancas, a reverberação dos quartos vazios são o suficiente? Dificilmente!
Mas ainda continuo aqui, tateando.
Com meus sentidos sensibilizados, e meus olhos tapados.
Eu continuo aqui...

quinta-feira, 18 de junho de 2020

A caneta vazia
sinonimo
do dia a dia
a caneta vazia
como tu sentia
no dia a dia
caneta vazia
sem o que escrever
o que relembrar
o que eternizar
o que esquecer
uma caneta vazia
numa imensidão vasta
de lembranças sem organização
Eu encaro a folha em branco na esperança de funcionar como o inverso de um buraco negro.
Sugar toda a minha escuridão, até que não haja nada além de luz na existência normal, fora dessa força gravitacional.
Força que provém do peso de todo meu arrependimento, arrependimento por não ter dito antes, e por ainda não saber o que dizer na maioria das situações, e ainda não saber o que dizer pra mim mesmo, tendo discernimento entre o que é real e o que é esperado.
O esperado é sempre um rascunho de um roteiro. Tanto muda, toma proporções que a gente nem imagina.
E eu vivo nesse rascunho.
Não tenho perspectiva o suficiente pra lapidar meus rabiscos antes de voltar a rabiscar.
Eu vivo de rabiscos, mas ninguém vive deles.
e eu vivo nessa idéia de rascunho, e me convenço, por que já me convenci, de que no final, o que importa é o que a gente acredita.
e talvez assim, se eu acredite ser uma boa pessoa, isso é o que importa, indiferente de eu ter passado a vida inteiro me convencendo de que todas as minhas ações são amor próprio ou ignorância do instinto de viver.
Não sei por que, principalmente, durante muitos períodos da minha vida, não queria estar vivendo.
Mas estou, e continuo, dia após dia, me convencendo que isso é o certo, que vale a pena....
Mas não sei até que ponto posso continuar me convencendo que sou bom nisso.