quarta-feira, 12 de agosto de 2020

 Realmente sinto como se tudo tivesse escapando entre as frestas dos meus dedos, como água em uma concha mal feita. Quanto apertar? Quanto deixar ir? O torpor já não me deixa distinguir entre frio e quente, as mãos dormentes deixam escapar água e meus olhos as acompanham, inertes, indefesos e incrédulos. 

Em tudo há meu ego.

Meu ego de achar que não preciso.

Meu ego de achar que não há mais força.

A ilusão de não ver transparência na água quando o corpo impede qualquer luz de toca-la.

Inerte, sem reação.

Eu deito no córrego e aceito ser parte, e não necessidade.

Escoo no solo, em solitude.

Escoo e desvalido,  assim me deixo. Como a noite sem água em que as estrelas me mostraram que não necessito de, quando faço parte de.

Escoo no solo, em mim o solo, o solo eu sou.

O centro, o sólido.

Escoo.

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