segunda-feira, 7 de agosto de 2017

Hey, leãozinho

Queria que nossas conversas não fossem indiretas
que você enxergasse a curva certa
sem perder o controle
antes que fosse tarde
antes de que precisasse pedir pra que você viesse
e refizesse
e lesse
não estamos todos nós
um pouco perdidos?
mas não é essa a beleza da vida?
encontrar no fim, outra saida
enxergar além do fim da sua ida
eu sei que sente
essa dança é só nossa
cada um com a sua fossa
ouvindo o grito do outro
pedindo um encosto
pedindo pra esquecer
e pedindo pra se reencontrar
de novo...

é estranho
na insonia eu me arranho
mas não me machuco
ainda sinto que te culpo
sem me perguntar por que
mas eu sinto você
sinto que ta doendo
eu não estou vendo
quando acho que estou esquecendo
a lembrança vem como chuva de verão
lembrando que os outros nunca serão
o que já fomos
mas estamos em outra estação
a primavera chegou aqui
enquanto o outono veio pra ti

como faço pra te alcançar?
pra fazer isso chegar
até ai
fazer brilhar as letras nas paredes de um quarto escuro
deixar a imagem seguir a sensação, e desfazer esse muro
hey leãozinho
como vai você?
eu ando muito bem
e isso já é um clichê
mas é sempre assim que você vem
mesmo que eu não veja por que

segunda-feira, 31 de julho de 2017

passarinho



Sente o vibrar
Me sente te olhar
Continuamente a esperar
Olhando pra frente
Sem ter a gente
Pra chamar de nós
Sou só eu
Sem ser teu
Suficiente pra inundar
E iluminar um pouco por ai
Mostrando os buracos em que cai
Eu ainda estou aqui
E você?
Quando vai deixar ressonar
Quando vai deixar meu brilho com o seu
Pra poder dizer
Que todo o resto, se esqueceu
Não tem por que importar
Esse é o lugar
E a hora certa
Aperta forte
Mas não pra machucar
Só o bastante
Pra não cair
E poder voltar

brisa que afaga



Se for pra vir, venha
O vento não grita
Ele sussurra
Pelo medo que tenha
É toda sua
Minha essência
Minha carência
Meus trunfos e descobertas
Mas deixa as portas abertas
Que é pro vento entrar
Devagar, te tocar
E o sol da manhã
Te iluminar, te esquentar

Que seja sucinto
Assim entre leves olhares
Nas palavras distantes
Eu não minto
Já nem sei
Deixa-se ser dissonante
Ao seu ego
Ao agora
Eu me entrego

achados e perdidos



Havia muita estrada
E nenhum carro
Chuva e barro
Muita chuva
Uma noite sem lua
E eu não encontrava a rua
Nem a direção
Me meti na contramão
Sofri calado
Desespero pelo incerto
Há uma saída ao lado
Mas ninguém por perto

O preto virou cinza irregular
Eu não conheço esse lugar
Mas é aqui que eu deveria chegar
Beleza escondida na penumbra
E essa não é a minha tumba
Entrei sem saber
Ensopado, com medo
Pronto para morrer
Mas me receberam com vida
Vida, cor e afeto
E um olhar indireto
De quem sabe o que está a ver
E todos vieram me receber
Até que veio você
Não lembro do seu rosto
Mas é impossível te esquecer
Quis me vivo
Quis me bem
Sem vai e vem
Tocou minha mão
Dessa forma que só
Nós saberíamos
O resto fazemos acontecer
Desde que eu ache você

E esse toque
Terno
Afago
E contente
Isso é só pra gente
E você vai reconhecer

Agora acordado
Reanimado
Basta esperar
Sei
Que vai me achar

cai do ninho



Você não segurou minha mão
Para eu aprender
A andar, mas sozinho
Aprendi a correr
E ainda estou correndo
Muito mais que você
Não me perco mais
A te procurar
Na multidão
A te esperar
Na minha solidão
Estou correndo
Sem estar te vendo
Ao meu lado
Ainda estamos vivendo
Mas agora eu sei
De todas as coisas
Que eu queria que me ensinasse
Eu aprendi
Juntos, corríamos
Se o vento voasse
Eu, sozinho
Voaria junto

galhos cortados que pingam



No final das contas
A chuva serviu
Limpou e destruiu
Largando as pontas
Dos galhos pingando
Galho cerrado
Ainda vive
Piso alago
Ainda respire
Segure
Ainda há folego
Para lugar
Perdoar e amar
Se ainda pode lutar
Ainda pode vencer
Só não se render
Deixa os galhos pingarem
Até florescer
Até crescer de novo

Se ainda há vida
Ainda há recomeço
A lição é aprendida
E começa outro ciclo

platônico



Meu amor de Platão
A quem cabe outra canção
Pra relembrar
O sentir de te tocar
Sem nem saber
E nem te conhecer
Te quis aqui
Me fiz por fim, e pra você
Fiz outro belo clichê
Um sonho em desentendimento
Para o que vem belo e lento⁠⁠⁠⁠