terça-feira, 23 de maio de 2017

lótus



Em meio ao lodo
Se esconde
Mas eu lembro do seu azul
Forte e calmo
Naquela manhã de sexta

Forte e calmo
Como eu
Como deveria ser
Em outras manhãs
Mas as nuvens desceram as montanhas
As filas acabaram
Os ingressos esgotaram
E eu continuo a voltar
E te procurar
E você esta escondido

Achava que era questão de timing
Mas ninguém sabe a melhor hora
Para desabrochar
Do que as flores
E o melhor momento
Das nuve descerem
O momento em que o vento
Vem de longe
E muda tudo
Escurece, mudo
E as estrelas brilham
Para que o sol venha
Outra vez
Outra manhã
E você se espreguice
Com todas as suas pétalas
De um azul
Forte e calmo

E eu possa aprender
Mais um pouco, com vocês

gastando ócio



Pelos cigarros que não fumei enquanto dormia
E pela canção que não te mexia
A tablatura que não está a sua altura
E aquele pequeno ressonar que eu frizei
falsetes para tons delicados
Alguns textos dedicados
Não são o suficiente
O olhar fundo todo dia
Do olhar triste até que sorria
Também não são o suficiente
E depois de um tempo
Te revi finalmente
Tão diferente
Mas contente
O brilho do olhar que saia da simplicidade
Essa contenção que não se acha fácil nessa cidade
E isso parecia o suficiente
Pra você

Mas quando será suficiente
Não para os outros
Mas para mim?

casa familiar, neblina e um estranho



Parece estranhamente
Familiar
A mesma vista, e o mesmo ar
Mas ainda
A neblina desenha novos horizontes
E novos caminhos por novas pontes
E um rosto novo pra uma pintura antiga
Uma voz amiga
Que foi esquecida nos confins de outra memória
E entre outras histórias
Nos reencontramos outra vez
Apesar de tudo que você fez
Já é outra dose
Outra cerveja
E outro dia
Um completo clima diferente
E completa outra gente
Por que agora somos só um
Como no fim do conto
Boas preces não sedem desconto
E o dividendo continua a aparecer
E você continua a ser
Tudo o que sempre quis
Nada do que eu fiz
E tudo que a história contou

dois lados da moeda



Já fazem
Três dias seguidos
Que eu sonho com a mesma face
E expressões que queria esquecer
Acordo, pedindo que me ache
Querendo te ver
E me perguntando
Por que não você?
Por que não é você
Que me atormenta às noites
Entrando sem permissão
Apesar de que
Mesmo não estando são
Você é sempre bem-vinda
Na minha mente e coração
E eu continuo a me perguntar
Por que não é você
A entrar nessa bagunça
E mexer um pouco mais
Talvez seja por que
Você é um ponto de paz
Tão perto da realidade que eu queria
Tão longe do meu dia a dia
Talvez por que
No meu consciente
Ainda não seja suficiente
Para o que eu quero te dar
Então continuo a me perder
Pra me encontrar
Continuo a sonhar
E voltar pro mesmo lugar
Por que nessas voltas
Idas e vindas
Uma parte
Continua
A te esperar

corra, só corra



Me escreva algo,
Ela pediu
E minha mente já partiu
Em disparada, pela parte errado
Por um caminho que ainda não está feito
Mas não podia ser de outro jeito
Com tanta coisa presa aqui dentro
Sem poder sair
Só me dá vontade de rir por que eu sei que se você soubesse
Não estaria aqui
É tanto sentimento
Que eu ainda desconheço
Tanto momento
Vindo a tona, toda hora por toda entradas
Palavras proferidas na hora errada
Podiam acabar aqui
Mas eu volto, e olho pra ti
E sei que ainda há muito a descobrir
Que ainda quero muito ver você sorrir
E correr, ao meu lado, a minha frente
Toda vez, nova e diferente
E eu nem te conheço direito
Mas deitado no meu leito
Eu paro e vejo
E relembro daquele dia ao lado da fogueira
Tem algo aí por vir

ossos do vício



Era completamente
Inexplicável
Essa alusão
E esse vício que me mantém
Mas se perguntassem, eu saberia
É a dor que se tem
Que me tira do lugar
Que me faz forçar
Mais ar
Mais lugar
Pra preencher os vazios
Pra diminuir
Essas lacunas de tempo
É pra fazer eu ir mais longe
E mais rápido

Não que eu goste de dor
Me refiro ao produto do sofrimento
Não sei se o que serve pro físico
Serve também, para o sentimento

Com o corpo físico é fácil
Você se força
E se esforça
Para resistir cada vez mais
Nunca parece que é demais
Mas já pro coração
É outra história
Que ainda estou a lapidar
E eu venho outra hora
Pra contar