domingo, 23 de abril de 2017

rodoviária de madrugada



A vida anda bem engraçada
Mesmo quando não acontece nada
As 4 da manhã numa rodoviária
Pessoal leem a placa errada
Procurando onde pitar

E tudo anda bem divertido
Tenho ido onde não tinha ido
E reaprendido a viver
Cada vez mais

perdido na máquina



E em minha moto eu deito
Apenas com os sons dos carros a distância
E o som dos grilos
Pra pensar no que tenho feito
Pensar naquilo que me faz falta
Sem eu nem ter conhecido
Apenas relances desse ocorrido
Que me custou 5 anos
E algumas feridas
Que ainda vão cicatrizar
Não importa quanto tempo passar
Eu sempre vou olhar
E lembrar
Que eu sobrevivi
Sai um pouco mais forte
De tudo isso que vivi
Sorri
Depois chorei
Mais do que eu merecia
Pensando se um dia terei
Aquilo que você tem com outro alguém
Já nem sei
Nem sei se merecerei
Mas estou aqui
Sozinho
Afogado em meu ninho
De metal e fumaça
Desejenado pra ninguém
Toda essa desgraça

Por que acho que no fundo
A culpa é minha
Se não você estaria sozinha
Se não já nem saberia
Por que sangrei
E me esqueci disso tudo
Colocando a culpa no mundo
Acabo aqui
Com os som dos carros a distância
E os grilos
Como minha única companhia

para um amigo que eu não conheço



Talvez eu seja assim também
Talvez eu precise de dor
Como você
Mas eu não sei lidar
Sei que é meu combustível
Mas quando acende
Não para de queimar
Me deixa sem sentir as mãos
Sem saber como, onde tocar
Talvez a dor seja necessária
Pra lembrar que estamos vivos
Pra lembrar que as pernas não aguentam tanto assim
Pra lembrar que o coração não aguenta tanto assim

gole de chopp quente



Não sei vocês
Mas não estaria aqui se não fosse pela bebida
Vocês riem, mas é verdade
As coisas mudam nessa idade
Só outra fase da vida
Pra chegar
Pra ver
Continuar a se conhecer

epifania de parque



Faz muito tempo que não me sinto tão bem
Faz muito tempo que não choro
E nos tempos, acho que demoro
Mas me sinto um pouco estranho também

Queria dizer que doeu bastante
Mas que eu fui um pouco intolerante
No meu jeito de agir
Só percebi isso
Quando finalmente deixei ir

E me deixei levar também
Para o lugar onde deveria estar
Fazia muito tempo que não me sentia tão bem
Já faz um tempo que não sei mais chorar

banco de rodoviária, alguns cigarros e um pouco de dor



Sentado no banco da rodoviária
Mais bêbado que nos ultmos meses
A mente confusa
Mas em paz
Ninguém me ve agora
Esse é o meu momento
A minha hora
Pra fazer o que for vontade
E eu já passei da idade
De sofrer assim
Mas parece que nunca tem fim
Nunca soube lidar com rejeição
Pouco não
Nessa caminhada
Agora já não parece nada
Mas doi mais que solidão
Mais que um irmão que te abandona
E não olha a lona
Por que tem mais o que fazer
É difícil me ver
Assim sozinho
Sem caminho
Queria te ver
Queria entender
Mas não
Não dá
Talvez amanhã