segunda-feira, 31 de julho de 2017

passarinho



Sente o vibrar
Me sente te olhar
Continuamente a esperar
Olhando pra frente
Sem ter a gente
Pra chamar de nós
Sou só eu
Sem ser teu
Suficiente pra inundar
E iluminar um pouco por ai
Mostrando os buracos em que cai
Eu ainda estou aqui
E você?
Quando vai deixar ressonar
Quando vai deixar meu brilho com o seu
Pra poder dizer
Que todo o resto, se esqueceu
Não tem por que importar
Esse é o lugar
E a hora certa
Aperta forte
Mas não pra machucar
Só o bastante
Pra não cair
E poder voltar

brisa que afaga



Se for pra vir, venha
O vento não grita
Ele sussurra
Pelo medo que tenha
É toda sua
Minha essência
Minha carência
Meus trunfos e descobertas
Mas deixa as portas abertas
Que é pro vento entrar
Devagar, te tocar
E o sol da manhã
Te iluminar, te esquentar

Que seja sucinto
Assim entre leves olhares
Nas palavras distantes
Eu não minto
Já nem sei
Deixa-se ser dissonante
Ao seu ego
Ao agora
Eu me entrego

achados e perdidos



Havia muita estrada
E nenhum carro
Chuva e barro
Muita chuva
Uma noite sem lua
E eu não encontrava a rua
Nem a direção
Me meti na contramão
Sofri calado
Desespero pelo incerto
Há uma saída ao lado
Mas ninguém por perto

O preto virou cinza irregular
Eu não conheço esse lugar
Mas é aqui que eu deveria chegar
Beleza escondida na penumbra
E essa não é a minha tumba
Entrei sem saber
Ensopado, com medo
Pronto para morrer
Mas me receberam com vida
Vida, cor e afeto
E um olhar indireto
De quem sabe o que está a ver
E todos vieram me receber
Até que veio você
Não lembro do seu rosto
Mas é impossível te esquecer
Quis me vivo
Quis me bem
Sem vai e vem
Tocou minha mão
Dessa forma que só
Nós saberíamos
O resto fazemos acontecer
Desde que eu ache você

E esse toque
Terno
Afago
E contente
Isso é só pra gente
E você vai reconhecer

Agora acordado
Reanimado
Basta esperar
Sei
Que vai me achar

cai do ninho



Você não segurou minha mão
Para eu aprender
A andar, mas sozinho
Aprendi a correr
E ainda estou correndo
Muito mais que você
Não me perco mais
A te procurar
Na multidão
A te esperar
Na minha solidão
Estou correndo
Sem estar te vendo
Ao meu lado
Ainda estamos vivendo
Mas agora eu sei
De todas as coisas
Que eu queria que me ensinasse
Eu aprendi
Juntos, corríamos
Se o vento voasse
Eu, sozinho
Voaria junto

galhos cortados que pingam



No final das contas
A chuva serviu
Limpou e destruiu
Largando as pontas
Dos galhos pingando
Galho cerrado
Ainda vive
Piso alago
Ainda respire
Segure
Ainda há folego
Para lugar
Perdoar e amar
Se ainda pode lutar
Ainda pode vencer
Só não se render
Deixa os galhos pingarem
Até florescer
Até crescer de novo

Se ainda há vida
Ainda há recomeço
A lição é aprendida
E começa outro ciclo

platônico



Meu amor de Platão
A quem cabe outra canção
Pra relembrar
O sentir de te tocar
Sem nem saber
E nem te conhecer
Te quis aqui
Me fiz por fim, e pra você
Fiz outro belo clichê
Um sonho em desentendimento
Para o que vem belo e lento⁠⁠⁠⁠