sexta-feira, 30 de junho de 2017

Ei, de cima



Leve suas desculpas
E minha culpa
Por querer te fazer ficar
Seu lugar não é aqui
E eu não soube olhar
Tentei ignorar a verdade
Enfeitada com flores
E enfeites que tirei da cavidade
Vazia do meu peito
E meu lóbulo frontal
Queria ser único
Especial
Foi uma auvorada linda
Mas que finda
Pra deixar o céu se pintar
E escurecer novamente
Cada vez
Especialmente
Única

Mas se acaba
O agora passa
As memórias ficam

O amor é mesmo
Complicado
Ainda mais sem você do lado
Sem estar do lado certo

praça das luzes



Perdidos na selva de pedra
Entre cada era
E era assim que podia ser
Só assim pagaria pra ver
Só assim ficaria pra ser
O que se necessita
Lapidando sua pepita
Se permitindo esquecer
Indo ver
Novas versões
De outros verões
De outras estações
Que não fazem as folhas caírem
Fazem as pessoas esperarem
Pra ir
Pra chegar
Aonde se precisa estar
Só assim poderia ser
O que se deve ser

cansado de olhar para baixo



Minha visão embaça
não consegui olhar além
O tempo passa
A dor fica, e eu também
Tentando lidar com ilusões
Que eu mesmo criei
Com as monções
Nas quais eu me larguei
E flutuei
Estagnado e amortecido
não sou mais protegido
Não sou mais criança
Não tenho mais esperança
Eu vejo, no sentido de sentir
O mundo real

Os sons se confundem na distância



Perdi a conta das horas que passaram
E não sei distinguir
Se são buzinas ou sinos
Que escuto a distância
Se são gritos ou hinos
De pura ignorância
Tentando fazer sentido nesse circo
E eu círculo o que eu sinto
Pra tentar entender
Se eu tô mentindo ou não
Não vou saber
Se estou em casa ou no meu lar
Se eu conseguirei amar
Além de mim
Além do fim
De cada ciclo e cada canção
Se saberei largar a mão
Que eu segurei a noite toda
E se seu sorriso ao dormir
Hoje vai me fazer sorrir
Ou chorar sozinho
A milhas de distância
Torcendo pra ignorância
Voltar a me dominar
Mas eu sou livre
E isso é ruim demais
Quando você não sabe aonde ir
Quando não tem um lar

A(i)lusão



Estrelas sintilantes
Gritos distantes
Brasas quentes
Memórias frias
Lembrava que ria
Da chuva que não molhava
Do toque que não esperava
E queria
Por outro dia
Já não sei mais
Os sonhos trazem a verdade
Que você não quis contar
E eu conto os dias
As horas
Pra poder voltar
Ao que nunca foi
Ao que se desfez
Como o orvalho do começo da auvorada
O sol bate e não deixa nada
Nada
Luz e verde
Verde de mim amor
É um pouco de dor
Disfarçada de ilusão
Alusão ao que te fiz
Ao que te quis
E não se fez
Não se fará
Esperará
em vão

des-continuidade



Continuo vivendo
Me apaixonando
Por memórias e ideais
Memórias de dias
Anos atrás
Ideais demais
Pra se concretizar
Estão há muito tempo
Somente a atiçar
Algo que antes
Estava morto em mim
Nasceu no começo
Sobreviveu ao fim
Em uma crônica simbiotica
De proporções um tanto caoticas
Tenta se apegar a algo palpável
Fechando suas mãos no vazio
Teve que se apegar ao imaginavel
Em dias diferentes
Tão distantes
Das retratos guardado na caixa
E alguém me acha
Mas não sou eu